Um coração cansado. Um coração que vagueia por uma qualquer
rua vazia e obscura de onde qualquer perigo pode surgir a qualquer momento. O que
define a fragilidade de uma alma cansada de amar? Quantos serão os golpes do
destino que poderá suportar? A brisa fria que corre devagar por essa rua
relembra o quão um dia esse coração foi bafejado com o calor de um sentimento
que agora é nada. Pode-se seguir e viver com nada, nada esse que é tudo, tudo o
que tem para acreditar e continuar a caminhar.
Ao entrar num beco escuro, esse coração acende mais um
cigarro. O fumo que fica no ar confere uma atmosfera sombria, tão sombria como
si mesmo que quase se confundem e deixam de ser vistos. Existirá outro coração
a acender esse cigarro e que se funda também ele no fumo que com a brisa fria
segue e se encontra com outro coração? Talvez os espíritos sempre voltem depois
da travessia pagando algo ao guardião da luz apenas para viver esse momento que
se esfumaçará em poucos segundos mas que trará no meio da névoa e da brisa
fria, um leve calor estranho que relembra que um dia talvez não hajam mais
golpes para enfrentar.