domingo, 23 de setembro de 2012

A primeira noite de Outono


Recosto-me no sofá, debatendo-me com o calor que se faz sentir e pensando em como não vejo nada lá fora que se pareça com folhas secas e amareladas, chuva, os habituais botins e os casacos de Inverno. Talvez o candeeiro de rua. O candeeiro de luz alaranjada que ilumina a rua vazia confere-lhe um ambiente de Inverno e se olhar para o infinito tenho a impressão que a qualquer momento começará uma qualquer revolução apocalíptica. Mas de resto, nada me leva ao Outono.
Sinto-me exactamente como o tempo: presa num limbo em que o Verão não transita e o Outono não chega. Ainda se sente o forte cheiro do Verão e por isso não posso ansiar pelo seu derradeiro fim, mas também não devo viver na incerteza da chegada do Outono. Do meu sofá olhando a rua, sei que devo esperar pacientemente pela mudança de estação.