quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A noite

‎"Perante a suave brisa da noite, percebo que não sinto mais nada além disso. É olhar para o horizonte recortado de uma cidade e perceber que há tanto por descobrir, tanto por viver, tanto por fazer e ainda assim se viver acomodado numa prisão de ilusões de que as coisas são como são e não há volta a dar. Mas a luz da lua é mágica e permite sonhar. Algures no meio desta triste alma dormente de sentir há uma pequena esperança acordada pela luz dessa lua dos sonhos. E no refúgio da interminável e eterna beleza da noite me aconchego mais uma vez esperando que me envolva e me receba como sempre tem feito até hoje. Afinal, as estrelas não brilham sem escuridão e só assim a noite se cobre de amor, do meu amor."

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O Limbo


Será possível esquecer partes da nossa existência, da nossa vivência? Há uma parte da minha vida que está apagada da minha mente e por mais que me esforce não consigo lembrar-me de nada. Será que não significou nada para mim? Ou significou tanto que o golpe fatal do destino fez com que tudo desaparecesse como quando acordamos e não nos lembramos do que estávamos a sonhar? Tenho tantas perguntas na minha alma que vagueiam por esses corredores vazios da memória em busca de respostas que parecem não chegar. As emoções sempre tomaram conta de mim e sempre foram muito verdadeiras mas nem sempre dirigidas a quem realmente merecia. Será que a tristeza que trago no peito se refere a qualquer coisa que aconteceu nesse pequeno limbo da minha memória? Às vezes quero chorar e não consigo. Sei que com cada lágrima conseguiria a pouco e pouco desvendar o mistério de um tempo que sei não estar esquecido mas apenas perdido pelo efeito trágico que teve. Mas continuo com questões às questões. Porque é que tempos conturbados desaparecem da memória e tempos realmente difíceis, desesperados, magoados permanecem vivos como uma dor dilacerante sem volta? 
Se calhar todos temos direito ao uso do limbo da memória uma vez na vida. E eu já usei o meu indevidamente. Agora tenho que viver com a dor das lembranças por pior que elas sejam, porque usei o meu limbo onde não devia e no que era suportável.