segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O Limbo


Será possível esquecer partes da nossa existência, da nossa vivência? Há uma parte da minha vida que está apagada da minha mente e por mais que me esforce não consigo lembrar-me de nada. Será que não significou nada para mim? Ou significou tanto que o golpe fatal do destino fez com que tudo desaparecesse como quando acordamos e não nos lembramos do que estávamos a sonhar? Tenho tantas perguntas na minha alma que vagueiam por esses corredores vazios da memória em busca de respostas que parecem não chegar. As emoções sempre tomaram conta de mim e sempre foram muito verdadeiras mas nem sempre dirigidas a quem realmente merecia. Será que a tristeza que trago no peito se refere a qualquer coisa que aconteceu nesse pequeno limbo da minha memória? Às vezes quero chorar e não consigo. Sei que com cada lágrima conseguiria a pouco e pouco desvendar o mistério de um tempo que sei não estar esquecido mas apenas perdido pelo efeito trágico que teve. Mas continuo com questões às questões. Porque é que tempos conturbados desaparecem da memória e tempos realmente difíceis, desesperados, magoados permanecem vivos como uma dor dilacerante sem volta? 
Se calhar todos temos direito ao uso do limbo da memória uma vez na vida. E eu já usei o meu indevidamente. Agora tenho que viver com a dor das lembranças por pior que elas sejam, porque usei o meu limbo onde não devia e no que era suportável.


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